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Deu um clarão na encruzilhada
Logo surgiu uma gargalhada.

Os versos que introduzem este texto, entoados ao Exu Tranca-Rua, são como um relâmpago. Um chamado à reflexão. A “iluminação” que nos trouxe até aqui, cuja gênese tem endereço – o Terreiro Manoel de Umbanda – e gerou como fruto mais perene o projeto “A Umbanda na terra do café: entre trajetórias e histórias para a construção da tolerância”. Evidentemente, sempre há muito o que fazer nesse sentido. Mas, frisa-se, foi a luminosidade repentina a responsável por impulsionar as ações que culminaram no registro que ora publicamos sobre a cultura umbandista em Londrina, dedicado a colaborar com a transformação de uma realidade histórica evidenciada na sociedade como um todo e manifesta, de forma austera, no âmbito de nossa cidade especificamente: o racismo estrutural e a intolerância religiosa (que atinge – mortalmente, muitas vezes – as pessoas de pele preta e persegue expressões culturais afro-brasileiras, na “re-ferida” ordem).

Como compreendemos, parte do alardeado preconceito contra a Umbanda decorre do desconhecimento de muitos acerca do papel que cumpre na vida social: na ajuda aos mais necessitados e na efetiva solidariedade promovida nos milhares de terreiros espalhados pelo país.
Assim, difundindo o legado afro-brasileiro em instituições dedicadas à educação, à cultura e ao esporte, procuramos estabelecer formas dialógicas de troca com o intuito de combater os problemas enunciados, centrando nossos esforços no estímulo à formação cidadã com ênfase no respeito à diversidade de culto e na tolerância plena.

E foi articulando com diferentes setores da sociedade civil local que demos início ao nosso projeto, sempre em prol do princípio de universalização do acesso à cultura, inclusive, promovendo um circuito periférico que contou com dez encontros a fim de dar visibilidade às mais variadas religiões de nossa cidade, onde predominam às judaico-cristãs.

Com esta obra esperamos contribuir, humildemente, para o desenvolvimento humano de Londrina – exaltando a relevância de sua comunidade umbandista também como produtora de cultura popular brasileira – e apresentar uma narrativa capaz de sensibilizar e emocionar os leitores. Lembrando que (quase) todas as crenças e devoções podem suprir espiritualmente aquelas e aqueles que buscam amparo. Portanto, se a fé é essencial a milhões ou bilhões no planeta, que se respeitem as práticas religiosas promotoras da dignidade da pessoa humana.

Chris Vianna